A retórica da igreja não é só atrasada, é criminosa. Que tipo de deus é esse que perdoa um estuprador e vai contra a vida de uma criança ? Que tipo de deus é esse que exige vidas e mais vidas para seu paraíso ? Que tipo de deus é esse que concorda em conspurcar a vida e abençoa a morte em suas diversas manifestações ?
Dizer o que esse arcebispo idiota, estúpido e arrogante falou é mais que um crime, é um incentivo à criminalidade, tal a maneira que ele relativizou um crime de extrema gravidade como o estupro; pior ainda, essa retórica da estupidez gratuita passa uma borracha sobre a palavra infância, pois no que menos a igreja pensou foi na vida da criança. Esse tipo de prática deixa em relevo a face do atraso da igreja, uma instituição extemporânea que deveria ter desaparecido da face da terra há muito tempo, pois ela se alimenta da ignorância e das superstições, ela se alimenta do medo e da loucura que estão implícitos por trás de seus dogmas, por trás de sua retórica que precisa atacar a VIDA para permanecer viva.
Sem falar no total desprezo que a igreja, através desse asno travestido de gente, demonstra pela mulher, já que o estupro não é um crime tão grave assim; porque? porque a mulher não vale nada para a igreja, porque a igreja quer ver a mulher submetida à escravidão social e sexual, porque a igreja quer ver a mulher sempre numa posição inferior, porque a igreja, em suma, odeia a vida e tudo o que cheire à vida, à liberdade, ao prazer que estão associados à plenitude da existência.
Não é à toa que Nietzsche anatematizou os sacerdotes no seu O ANTICRISTO, anátema esse que publicamos na Esfera da Manhã tempos atrás( e que vamos publicar de novo), não é à toa que os surrealistas tinham o lema ENFORCAR O ÚLTIMO PADRE COM O CADARÇO DA BOTA DO ÚLTIMO SOLDADO,não é à toa que Voltaire e outros lutaram contra o poder maléfico dessa instituição milenar, que resiste à morte como um vampiro que se apega à vida.
Talvez a verdade seja que o deus que é adorado por essa igreja não é o verdadeiro deus, deve ser o deus de cabeça de burro que os pagãos diziam que os judeus adoravam no tabernáculo, uma dessas antigas divindades sangrentas, canibais, que espera sangue e mais sangue para poder viver, um falso demiurgo, como diziam os antigos gnósticos, esse demiurgo falso que quer ver o homem sempre aprisionado em suas cadeias de opressão, opressão pelo trabalho, pela vida mais dura que se possa ter, para que assim o homem nunca tenha tempo de olhar para si mesmo e libertar-se das correntes que o mantém numa vida sem sentido.
Esperamos sinceramente que esse arcebispo receba a devida punição, que a natureza implacável derrame sua ira sobre ele, em nome de todas as crianças, em nome de todas as mulheres, em nome, enfim, de todos aqueles que acreditam que a vida tem que ser medida pelo presente não por um futuro indefinível onde só se vêem sombras e dor.
Abaixo, transcrevo a postagem feita no A ESFERA DA MANHÃ:
27 Dezembro 2007
Fim de Ano III
Transcrevo, abaixo, a última página do livro O Anticristo, do Nietzsche. Nunca deixei dúvidas quanto ao meu próprio anticristianismo, mas às vezes é bom falar de todo mal que veio desse solo nefasto: basta lembrar que nosso modelo de civilização -eurocêntrica-, é cristão e foi esse modelo que nos trouxe aonde estamos agora: à beira do abismo. As igrejas estão sempre afiando suas garras e tentando manter a humanidade num estado de permanente idiotia, num permanente autismo espiritual: o grande salto de tigre é um salto no reino do espírito, sem deus, mas com inúmeras possibilidade humanas e além humanas. Mas é preciso sepultar, com terra nova, os produtos espúrios de dois mil anos de ignorância, atraso e cegueira.
Do AntiCristo - de Nietzsche
Lei Contra o Cristianismo
Com data do dia da salvação, primeiro dia do ano Um (em 30 de setembro de 1888, pelo falso calendário)
Guerra mortal contra o vício:o vício é o cristianismo
Primeira Proposição: Viciosa é toda forma de ir contra a natureza. A forma humana mais viciada é o sacerdote: ele prega a contradição da natureza. Contra o sacerdote não há razões e sim cadeia.
Segunda Proposição: Toda participação a um serviço religioso é um atentado à moralidade pública. Deve-se agir com mais rigor contra protestantes do que contra católicos, mais rigorosamente contra protestantes liberais do que contra os de fé sólida. Entre as massas, quanto mais próximo se está da ciência, mais criminoso se torna ser cristão. Consequentemente, o criminoso dos criminosos é o Filósofo.
Terceira Proposição: O solo amaldiçoado onde o cristianismo chocou seus ovos de basílicas deve ser destruído pedra por pedra, tornando-se o lugar mais infame da terra, o terror de toda posteridade. Deve-se criar cobras venenosas nesse lugar.
Quarta Proposição: A doutrina da castidade é uma instigação pública à contradição da natureza. Todo desprezo à vida sexual, toda tentativa de contaminá-la através do conceito de "impureza" é na verdade o próprio pecado contra o espírito sagrado da vida.
Quinta Proposição: Comer à mesa com um sacerdote é proibido: dessa forma excomungá-lo-emos da sociedade honesta. O sacerdote é nosso Tschandala, temos de expulsá-lo, deixá-lo morrer de fome, impelí-lo para alguma forma de deserto.
Sexta Proposição: Deve-se chamar a "sagrada história" pelo nome que merece, de história maldita; devem-se usar as palavras "Deus", "terra da promissão", "redentor", "santo", como xingamentos, como epítetos de criminosos.Sétima Proposição: O resto virá por si só.