Não há mortos em Gaza
eles estão ausentes
nos escombros dos edifícios
eles estão calados
nos palanques, nos comícios
eles estão quietos
nas trincheiras, nos ofícios
eles não falam
nos círios acesos, nos obuses
eles não choram
corpos estraçalhados sob a mira dos canhões
não há mortos em Gaza
eles sobrevoam a horizontalidade da morte
eles nadam num mar de esperanças desfeitas
eles escorrem por um túnel profundo
rasgado numa menorah
eles cantam a sura do profeta
enquanto bebem vinho de tâmara
não há mortos em Gaza
eles percebem o silêncio que emana das tvs
eles recebem as flores da utopia
eles esperam pelo sol da Palestina
eles dançam com anjos e huris no paraíso
eles cavalgam em corcéis e tempestades
eles cantam com vozes de crianças
não há mortos em Gaza
não há mortos em Gaza
mortos estamos todos nós.
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